
Imagine se você soubesse o que vai acontecer com você amanhã? Se você soubesse que vai ser preso, que todos os seus amigos vão abandonar você, que será exposto a vergonha, a humilhação? Você iria cantar?
- Imagine se você soubesse que sua família, sua religião, o governo do seu país, todos se voltaram contra você, condenando-o a prisão, tortura e morte? E imagine que isso tudo seja inevitável, impossível de não acontecer; Você iria cantar?
- No evangelho de Marcos 14: 26 esta escrito:"Depois de cantarem o salmo, saíram para o monte das oliveiras"... Jesus sabia o que o aguardava no dia seguinte!
-O dia seguinte seria de abandono e solidão, dia de desamparo por parte dos mais íntimos dos amigos; o dia seguinte seria o dia de angustia, de choro e gemidos solitários do salvador!
O dia da sangrar no Getsemane, de ver Judas, discípulo que foi amado, investido de autoridade sobre enfermos e oprimidos, que por cerca de três anos andou com o Mestre, o viu curar, libertar, ressuscitar, multiplicar e todas as coisas que anunciavam a chegada do Reino de do Céu, esse mesmo judas beija e apunhala ao mesmo tempo, por um preço vil; Trai e vende a morte, o Senhor da vida!
O dia seguinte foi o dia em que Pedro, aquele que andou com Ele sobre as águas, que disse "para onde iremos se só Tu tens palavras de vida eterna?" Que declarou " tu és o Cristo filho do Deus vivo!" Esse mesmo Pedro nega conhece-lo, nega ser amigo, nega ter qualquer tipo relação com Jesus! O dia seguinte foi dia de libertar o ladrão pra matar o Filho de Deus! A multidão pede e o poder publico faz! Fica com a corrupção e condena o inocente! Esse Cristo que canta na sua ultima ceia vive na véspera de ser coroado de espinhos, cuspido no rosto, ferido e humilhado do modo mais perverso e vil! É véspera dos três piores dias da vida e da história de Jesus, dias de xingamentos, dias de chicote, de vitupério, do suor que cai na ferida aberta, dias da cruz!
- Mas mesmo sabendo do que o aguarda Ele canta! E canta justamente o salmo da pascoa, o salmo que diz" é no Senhor que Israel confia"... e ainda... Ele é seu escudo e auxilio, o salmo 115 ." Será que se eu ou você soubéssemos de tudo isso cantaríamos? Nós não sabemos o que nos aguarda, se bom ou mal, mas Cristo sabia, e mesmo assim cantou aquele salmo de louvor, gratidão e confiança no Deus de Israel. Cristo canta por que Ele é quem sabe de verdade, profundamente e como nenhuma outra pessoa pode saber, o que a teologia Paulina desenvolve: "todas as coisas contribuem para o bem dos que amam a Deus e são chamados segundo seu propósito."Esse é o louvor do antes durante e depois, de quem confia na vitória antes mesmo da batalha, de quem sabe que esta no centro da vontade de Deus, fazendo acima de tudo, a vontade do Pai.
- É um louvor para poucos! Um louvor que começa e termina na cruz. Começa na dor da expectativa da dor e termina no "esta consumado". Porem seu valor maior, seu sentido transcedental ao abrir-se o túmulo é no proferir das palavras "É me dado todo poder, no céu e na terra." Essa é a vitória final sobre a morte, que ele vence no leito da filha de Jairo, no caixão do filho da viúva de Nahin, no túmulo de Lázaro e agora em seu próprio corpo Ele a derrota novamente, deixando claro que não tem pra ninguém, é Ele o vencedor, que saiu da ceia pra vencer a vergonha, a dor, a humilhação e derrotar a própria morte. É Ele que canta a vitória antes da batalha, e derrama em favor dos seus seu sangue remidor. è Ele que que devemos imitar como Paulo imitava e ensinava imitar! Então cante, confie, louve ao Deus que cuida de nós quando dói e quando não dói; quando amados ou desprezados, e tenhamos certeza de que todo embaraço, impacto ou decepção, não é e jamais foi uma derrota, é só mais uma batalha que inevitavelmente nos conduzira a mais uma vitória, seja ela como for, mesmo que não seja como eu ou você esperamos. É parte do caminho que nos conduz ao Deus do salmo 115, ao Cristo ressurreto e vivo e a tudo que Ele já tem desde a eternidade, guardado para fazer em nós e através de nós.
Em Cristo, que nos ensina a cantar mesmo na expectativa da dor;
Egner Borges.